Eu fumo CRACK duas vezes por semana, você fica
sóbrio todos os dias. Adivinha quem está ganhando?
Deixa eu explicar uma coisa pra quem escolheu ser medíocre: nem todo uso de drogas é igual. Nem todo mundo que fuma crack é um “cracudo”. Essa é uma palavra que você usa pra simplificar um mundo que você não entende. Eu fumo crack duas vezes por semana. Como um relógio. Não por vício, não por desespero, mas porque descobri algo que 99% de vocês nunca vão descobrir: como transformar intensidade em arma.
Deixa eu te explicar o cenário pros anões.
Eu acordo às 5:12 da manhã. Não preciso de alarme. Meu corpo simplesmente sabe. Bebo um copo d’água (com eletrólitos, óbvio), me alongo, agradeço a Deus ou à simulação ou seja lá o que comanda esse mundo, e então me sento de pernas cruzadas em completo silêncio até sentir que é hora. Aí eu fumo crack. Uma ou duas tragadas. Não para ficar “chapado”. Não tô atrás de sensação. Tô afinando meu cérebro, como um carro de Fórmula 1 antes da corrida.
E então o dia começa.
Às 6:00 da manhã, eu já reorganizei todo o meu sistema de arquivos, criei um template no Chatgpt pros próximos cinco anos da minha vida, limpei o rejunte de cada azulejo do banheiro e escrevi três e-mails que parecem poesia.
Sabe o que o anao sóbrio médio tá fazendo às 6:00 da manhã? Adiando o alarme em um colchão que cheira a ansiedade e sonhos quebrados. Você tropeça até a cozinha achando que é um guerreiro só porque fez café preto sem açúcar. Esse é seu auge. Esse é o seu grande feito do dia.
Enquanto isso, eu já venci tarefas que você vem adiando há um ano.
Vamos continuar.
O carteiro passa em frente ao meu apartamento todo dia de manhã. Ele tem aquele olhar derrotado. Como se a alma dele tivesse saído do corpo em 2009 e ninguém avisou. Ele se move como se o tempo fosse uma punição. Eu aceno. Ele não acena de volta. Não o culpo. Provavelmente me viu pelas persianas, sem camisa, digitando 160 palavras por minuto enquanto fazia elevações de panturrilha e pensou: “Por que não sou eu?” Mas ele nunca vai perguntar. Orgulho demais. Energia de menos.
Os policiais passam de carro. Eu aceno com a cabeça. Não tenho nada a temer. Você acha que eles dão medo? Eu já encarei o núcleo da minha psique numa terça à tarde enquanto o forno fazia estralos. Já fiz as pazes com o caos. Um distintivo não me assusta. Uma Glock não me assusta. Já lutei contra a morte do ego com nada além de uma tela trincada e jazz no bluetooth.
Meu vizinho é sóbrio. Toma chá de erva cidreira e assiste globo repórter. Faz marmita. Tem um carro caro e uma aposentadoria privada. Também tem olhos mortos. Perguntei uma vez o que ele pensa quando está sozinho. Ele disse “geralmente só coisas do trabalho ou futebol”. Quase chorei. É isso? Esse é o mundo interior inteiro do “homem saudável”? Sem visões? Sem piadas cósmicas? Sem guerras entre anjos e pensamentos intrusivos?
Você já sentiu suas células vibrando como uma sinfonia de pura intenção? Não? Eu já. Quinta passada. No crack.
Tive momentos nessa substância em que o tempo se abriu como uma fruta podre e eu vi tudo. Toda mentira, toda verdade, todo motivo pelo qual tememos a honestidade. Fumei crack e percebi que ainda amava uma menina da 6ª série, então ri disso e reconfigurei o circuito emocional ao vivo, na hora. Chá de erva cidreira faz isso? Banho gelado faz isso?
Duvido.
Não tô dizendo pra você fumar crack. Na real, a maioria de vocês não deveriam. Vocês não têm estrutura, não têm ritual, não têm respeito pelo poder. Vocês são do tipo que toma seis cervejas e manda mensagem pra ex feito um bicho selvagem. Vocês nem sabem lidar com mcdonalds e pornografia direito. O crack ia devorar vocês. Mas eu? Eu desmontei ele. Estudei. Dominei. E agora ele me serve.
Meu cérebro é mais afiado que o seu. Meus pensamentos são mais rápidos. Meus medos são menores. Meu rendimento é gigante. Você teme “perder o controle”. Eu perdi uma vez e percebi que não havia nada a temer.