🇯🇵Sobre os SAMURAIS - Parte 3:
- O Bushidô, ou o "caminho do guerreiro" nunca existiu como um conjunto unificado de valores dentro da casta samurai no período de maior força do Shogunato. Cada feudo tinha suas regras, apesar da lealdade ao senhor feudal estar em todas. O Bushidô começou a ganhar forma como um conjunto unificado em tempos de paz, quando samurais, e depois ex-samurais, passaram a filosofar sobre sua cultura e história, chegando a modelos idealizados de conduta.
- Sobre isso, quem já me ouviu falar sobre as perseguições a cristãos no Japão do Shogunato, sabe que as execuções brutais de homens, mulheres e crianças foram praticadas por samurais. Os samurais convertidos foram eliminados, pois um cristão jamais aceitaria ser um executor brutal. Não há honra alguma em queimar vivas e decapitar crianças indefesas, e muitos samurais fizeram isso, a despeito dos poucos e nobres que morreram na defesa da fé.
- O livro "Bushido - The Soul of Japan" foi escrito em 1899 pelo filósofo cristão Inazô Nitobe. Ele condensou o que viu de melhor nas condutas samurais, e quis apresentar o melhor da cultura ancestral de seu país. Porém, a ideia do Japão ser uma "terra de samurais" acabou sendo usada para militarizar as escolas e todo o povo, jogando o país no nacionalismo imperialista que culminou na participação na Segunda Guerra Mundial.
- O pós-guerra viu a transformação liberal do Bushidô em algo para ajudar na prosperidade econômica e progresso individual no mundo dos negócios. Por outro lado, houve o esforço real de emascular o povo, demolir a ideia de virilidade dos samurais (tratando as exceções como regra geral) e a aliança do liberalismo com a Yakuzá incentivou a indústria do sexo, hoje uma das maiores do mundo.
Como veem, há tantas nuances nessa questão dos samurais, que incomoda ver gente sensacionalista e rasa tratando a questão com tanta irresponsabilidade.