Ele não ama a humanidade — ele a usa como desculpa para justificar o nojo que sente de si. Seu discurso é de libertação, mas seu coração pulsa como o de um carrasco. Com o poder ele mostra os dentes. Sonha com um mundo sem classes porque não suporta que alguém tenha construído algo que ele nunca teve coragem de tentar. Defende os fracos, mas apenas enquanto pode falar por eles. O dia em que eles falam por si, ele os acusa de traidores. Clama por revolução porque não tem estrutura psíquica para viver sem caos. A ordem o assusta mais do que a tirania. Não busca transformar a realidade. Busca vingar sua existência contra ela. Veste-se de empatia, mas sua alma é feita de ferro e cálculo. Não há amor — só estratégia e vaidade moral. Quer nivelar todos por baixo, não por justiça, mas porque é mais fácil destruir do que construir-se. Não deseja que o pobre seja livre — deseja que o rico seja punido. Finge lutar por ideias, mas o que defende é um altar onde ele possa ser adorado como mártir, profeta ou inquisidor.