O ser humano de hoje é como um homem ao qual foi dado um reino e que prefere malbaratar seu tempo com brinquedos infantis.
Evidente é, e nem se pode esperar de outro modo, que as
forças poderosas outorgadas ao ser humano terão de destroçá-lo, se não souber dirigi-las.
Também a força sexual terá de destruir o ser humano indivi-
dual, povos inteiros, lá onde se abusar de sua finalidade principal!
A finalidade da geração só vem em segundo lugar.
E que meios de auxílio oferece a força sexual a cada pessoa, a
fim de que reconheça a finalidade principal e a vivencie!
Pense-se na intuição do pudor corporal! Desperta simultanea-
mente com a força sexual, é dada para proteção.
Como em toda a Criação há também aqui um trítono, e no
descer reconhece-se igualmente um desenvolvimento cada vez
mais grosseiro. A intuição do pudor, como a primeira conse-
quência da força sexual, deve constituir o obstáculo quanto à
transição para o instinto sexual, a fim de que o ser humano em
seu alto nível não se entregue à prática sexual animalescamente.
Ai do povo que não der atenção a isso!
Uma forte intuição de pudor cuida para que o ser humano
jamais possa sucumbir a uma embriaguez sensual! Protege con-
tra paixões, pois, devido a fenômeno completamente natural,
jamais permitirá oportunidades para a perda do autocontrole,
nem sequer pela fração de um momento.
Somente com muita força consegue o ser humano afastar,
mediante sua vontade, essa maravilhosa dádiva, para então com-
portar-se animalescamente! Tal violenta intromissão na ordem
universal do Criador terá, porém, de tornar-se maldição para ele,
pois a força do instinto sexual corpóreo assim libertada não lhe é
mais natural em seu desencadeamento.
Faltando a intuição do pudor, o ser humano transforma-se de
senhor em servo, é arrancado de seu degrau humano e colocado
ainda abaixo do animal.
Pondere o ser humano, somente acentuado pudor impede a
oportunidade de queda. Com isso lhe é dada a mais vigorosa
defesa.
Quanto maior for o pudor, tanto mais nobre será o instinto,
e tanto mais alto espiritualmente estará o ser humano. É essa a
melhor medida do seu valor espiritual interior! Essa medida é
infalível e facilmente reconhecível por qualquer pessoa. Com
o estrangulamento ou afastamento do sentimento exterior do
pudor, ficam também, concomitantemente, sempre asfixiadas s propriedades anímicas mais finas e mais valiosas e, com
isso, desvalorizado o ser humano interior.
Um sinal infalível de queda profunda e de decadência certa é
quando a humanidade começa, sob a mentira do progresso, a
querer “erguer-se” acima da joia do sentimento de pudor, tão
favorecedora sob todos os aspectos! Seja isso, pois, sob o manto
do esporte, da higiene, da moda, da educação infantil ou sob
muitos outros pretextos para isso bem-vindos. Não se pode então
impedir a decadência e a queda, e apenas um horror da pior
espécie poderá levar ainda alguns à reflexão.
E, todavia, é facilitado ao ser humano terreno enveredar pelo
caminho das alturas.
Basta que se torne somente “mais natural”. Ser natural,
porém, não significa andar seminu por aí, ou perambular des-
calço, com trajes extravagantes! Ser natural significa atender
cuidadosamente às íntimas intuições e não, eximir-se veemente-
mente das admoestações delas!
Infelizmente, porém, mais da metade das criaturas humanas
já chegaram hoje a tal ponto, que se tornaram demasiado
broncas para ainda compreenderem as intuições naturais. Para
tanto já se restringiram excessivamente! Um grito de pavor e de
horror será o fim disso!
Feliz daquele que então puder vivificar novamente o senti-
mento do pudor! Tornar-se-lhe-á escudo e apoio, quando tudo o
mais se destroçar.
*O Filho Do Homem*