O Irã disse aos Estados Unidos em conversas na semana passada que estava pronto para aceitar alguns limites em seu enriquecimento de urânio, mas precisava de garantias inquestionáveis de que o presidente Donald Trump não abandonaria novamente um pacto nuclear, disse uma alta autoridade iraniana na sexta-feira.
O Irã e os Estados Unidos devem realizar uma segunda rodada de negociações no sábado, em Roma, uma semana após a primeira rodada de negociações em Omã, que ambos os lados descreveram como positiva.
Trump, que restaurou uma campanha de "pressão máxima" sobre Teerã desde fevereiro, abandonou um pacto nuclear de 2015 entre o Irã e seis potências mundiais em 2018, durante seu primeiro mandato, e reimpôs sanções severas ao Irã.
Nos anos seguintes, Teerã tem ultrapassado constantemente os limites do acordo de 2015 para seu programa nuclear, projetado para dificultar o desenvolvimento de uma bomba atômica.
O ex-presidente dos EUA, Joe Biden, cujo governo tentou, sem sucesso, restabelecer o pacto de 2015, não conseguiu atender à demanda de Teerã por garantias de que nenhum futuro governo americano o renegaria.
Teerã abordou as negociações com cautela, cético quanto à possibilidade de um acordo e desconfiado de Trump, que ameaçou repetidamente bombardear o Irã caso o país não interrompa seu acelerado programa de enriquecimento de urânio, que o Irã afirma ser pacífico.
Embora Teerã e Washington tenham afirmado estar determinados a buscar a diplomacia, permanecem distantes em uma disputa que se arrasta há mais de duas décadas.
As linhas vermelhas de Teerã "determinadas pelo Líder Supremo, Aiatolá Ali Khamenei", não poderiam ser comprometidas nas negociações, disse a autoridade à Reuters, descrevendo a posição de negociação do Irã sob condição de anonimato.
Ele disse que essas linhas vermelhas significavam que o Irã jamais concordaria em desmantelar suas centrífugas para enriquecimento de urânio, interromper completamente o enriquecimento ou reduzir a quantidade de urânio enriquecido armazenada para um nível abaixo do acordado no acordo de 2015, abandonado por Trump.
Também não negociaria sobre seu programa de mísseis, que Teerã considera fora do escopo de qualquer acordo nuclear.
"O Irã entendeu, em conversas indiretas em Omã, que Washington não quer que o Irã interrompa todas as atividades nucleares, e isso pode ser um ponto de contato para que o Irã e os EUA iniciem uma negociação justa", disse a fonte.
O Irã afirmou na sexta-feira que chegar a um acordo com os Estados Unidos seria possível se "eles demonstrassem seriedade de intenções e não fizessem exigências irrealistas".
O principal negociador dos EUA, Steve Witkoff, em uma publicação no X na terça-feira, disse que o Irã deve "interromper e eliminar seu enriquecimento nuclear" para chegar a um acordo com Washington.
Teerã afirmou estar pronta para trabalhar com a agência nuclear da ONU, que considera "o único órgão aceitável neste processo", para fornecer garantias de que seu trabalho nuclear seja pacífico, segundo a fonte.
A fonte disse que Araqchi havia dito aos americanos que, em troca dessa cooperação, Washington deveria suspender prontamente as sanções aos setores petrolífero e financeiro do Irã.
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